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João Lemes e o ex-governador Leonel Brizola (anos 90) |
Lá pelos naos 90, como eu não tinha tempo para lazer, só pensava em trabalho, numa noite minhas pernas tremeram, meu queixo endureceu e a língua quis enrolar. Fiquei apavorado e disse para a Suzana:
-Me leva no médico que eu vou morrer! - Eu era muito vil. Tinha medo até de injeção. Aquilo me chocou e pensei de fato que morreria. Rumamos para o hospital. No caminho eu queria saltar do carro e ir correndo para chegar mais rápido. As coisas começaram a ficar embaçadas, turvas... Achei até que iria desmaiar de tanta ansiedade (eu nunca desmaiei).
Chegamos no médico e ele ficou atônito diante do meu quadro clínico. De pronto, perguntou o que eu tinha, se havia saído de algum velório. Com muito custo, consegui falar.
-Não é nada disso, doutor. Estou com estresse! Eu trabalho feito doido e agora acho que chegou a minha vez.
Ele nem me examinou. Só ouviu a Suzana e lhe entregou uma receita à base de Lexotan, um faixa preta terrível. Cada dose era uma paulada. Já em casa, tomei dois de vereda e caí na cama. Como não dormia direito a semana toda, aquilo foi um alento. Uma coisa dos deuses. Foi mesmo que tirar com a mão.
Noutro dia eu estava renovado e recomecei com mais força ainda. Escapei dessa, o negócio é seguir em frente, pensei. Outro engano.
A melhora foi passageira e o estresse se fez sentir com mais força. De tal modo, que eu não conseguia montar uma só página do jornal. As coisas encaixavam na minha mão mas se espalhavam na cabeça. Uma coisa terrível! Para tudo o que eu olhava, parecia um quebra-cabeças. Fui fraquejando, fraquejando e acabei sentindo o que é sofrer de estresse e, mais tarde, da terrível dor da alma. A malfadada depressão.
(segue amanhã)
o remédio é tarja preta caro JL!
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